quarta-feira, 24 de julho de 2013

Idividualidade e Identidade

    
 Eis que eu estava olhando a minha pele. E vi umas erupções saírem dela. Meio como uma espinha, inflamação pequena, sei lá. Eu estava no banheiro, e continuei meu caminho para o banho. Enquanto estava lá comecei a lembrar de uma situação muito desagradável que passei. Umas amigas minhas que ficaram rindo de mim sem parar por algo que eu tinha feito que elas acharam engraçado por eu não saber fazer como elas. Eu achei curioso elas acharem aquilo tão engraçado, mas resolvi deixar pra lá e deixar elas rirem, afinal, era tão engraçado. Só que não parou por ali. Elas continuaram rindo, e rindo, e rindo, e rindo. Estávamos em viagem juntas e dormíamos no mesmo quarto, então, quando já estava na hora de dormir, elas ainda estavam rindo. Eu falei : "Gente, chega, né? Tá bom já." E elas continuaram a rir. Eu comecei a ficar muito magoada, porque elas não paravam. Mesmo depois das luzes apagarem, elas continuaram rindo. E eu já estava quase chorando. Mas não consegui falar mais nada, se eu dissesse, perderia o controle, pois já era muito suscetível a esse tipo de brincadeira, por ter sofrido bullying. O pior era que estávamos em um retiro espiritual, e no dia seguinte, ainda teríamos que acordar cedo. 
    No momento em que eu ia sair do carro de uma das amigas, na porta de casa ouvi "Olha, desculpa qualquer coisa aí, tá? Não foi de propósito". E eu ainda tentar botar panos quentes na situação foi muito triste. E ver que essas amigas estão bem, vivendo, e eu estou na situação ultra-complicada, tentando me resolver.
    Só tem uma palavra pra descrever isso: absurdo. Num momento e lugar em que estávamos exercitando a tolerância, a vivência em comunidade, eis que passo por essa situação. E a minha reação? Tentar aplacar os ânimos. Peraí: os ânimos de QUEM? Meus, que estava pra gritar e chorar naquele momento. Palavras que me veem à mente pra descrever a situação são: Humilhada, Sem saber como reagir, Triste, Oprimida, Ridicularizada. Pois é, eu sei que nenhuma delas agrada, mas foi o que eu senti no momento. E aí pensei no significado da pele segundo  o esoterismo: a pele representa os limites.
     E aí pensei na minha individualidade. E em como eu sempre quis emagrecer, sair, me divertir, me dedicar, etc, durante uns 12 anos. E sobre como eu fiz tudo, menos isso. Sei lá, tentei várias vezes, mas nunca tive gás. Eu me sinto uma mente fraca cercada por gente que não quer nada do que eu quero. Minha irmã vive me oferecendo chocolate, bolo e empada, mesmo sabendo que nós duas precisamos emagrecer. Minha mãe quer fazer tudo por mim como forma de cuidar de mim, mas na verdade me sufoca, e mais me incentiva a ficar na mesma do que mudar. Meu pai sempre foi motivo de medo pra mim, sempre perguntando e verificando o que eu estava fazendo, quanto ganho, porque estou tão gorda, porque eu não faço nada melhor. Pra ele tudo se resume a status financeiro. Casa, bens, carro, emprego. Tem tudo isso do bom e do melhor? = sucesso. Não tem? = fracassado. E toda vez que ia visitá-lo me sentia mal, porque nunca tinha o resultado da enquete que ele queria.
     E quando dei por mim, estava eu no chuveiro, olhando novamente para a minha pele, pensando no quanto eu me sinto desesperada para fazer as coisas que eu penso, sinto e quero, e como entrego o meu Poder tão facilmente às pessoas, acreditando que elas sabem o que é melhor pra mim, e que são melhores e mais capazes do que eu. 
     Eu sei que eu sou capaz. Eu sei da minha capacidade e habilidade, mas me vejo fugindo de tudo, porque na verdade, não é o que eu quero. Quando eu quero as coisas e sou apaixonada pelo que faço, eu rendo muito mais, me sinto feliz, encontrada, faço qualquer coisa pra continuar. Quando não é assim, posso sentir qualquer tarefa, por mais simples que seja, como uma terrível obrigação, capaz de devastar a minha vida. 
     Liguei para uma amiga, pra marcarmos um dia e terminarmos de estabelecer nossas metas para o ano, e ela juntou no mínimo umas 15 desculpas para não fazê-lo. Buscar o que vai ajudá-la não é uma das suas prioridades, nem de perto. Primeiro tenho isso, isso, isso e isso. Se der tempo...Eu te ligo.
     É uma necessidade de ficar abaixada olhando pro chão quando a sua vontade é se levantar. E quando você pergunta se pode levantar te dizem: fique abaixado. E o problema é que você sempre pergunta antes de levantar. E por isso não se levanta nunca.
      It's just a feeling, just a feeling, just a feeling that I have...